Parte 01 - 288 páginas - https://drive.google.com/file/d/1I9-cp8CQWA63XfY5XftMpt_7DvScPSlX/view?usp=sharing
Parte 02 - 257 páginas - https://drive.google.com/file/d/1s2SJf_WJ8B7ScCoyvZkNdtgApH0FBe9F/view?ts=5a2fb9bd
segunda-feira, 27 de novembro de 2017
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
Citros
Os citros, com suas características mesofítica
(gemas quase desnudas, folhas largas, pouco espessas, com estômatos
superficiais, ausência de pelos e cutícula fina) e perenifólia (têm folhas o
ano todo, desenvolvendo fluxos de crescimento vegetativo na primavera e verão),
apresentam bom desenvolvimento às temperaturas de 22 a 33 ºC. Acima de 40 ºC e
abaixo de 13 ºC a taxa de fotossíntese diminui, o que acarreta perdas de
produtividade.
A cultura apresenta um ciclo de
desenvolvimento que pode variar de 6 a 16 meses entre o florescimento e a
maturação dos frutos, dependendo da espécie ou variedade e das condições
edafoclimáticas do local de cultivo.
Fases
de desenvolvimento dos citros:
→ Vegetativo: ocorre durante períodos caracterizados por
temperaturas baixas ou déficit hídrico (fim do outono e início do inverno),
quando os fluxos de crescimento cessam e ocorre acúmulo de carboidratos pelas
plantas.
→ Indução
ou diferenciação floral: com a intensificação do frio e do estresse hídrico,
as gemas vegetativas se transformam em gemas reprodutivas.
→ Florescimento:
mais tarde, entre o final do inverno e o início da primavera (quando aumentam a
temperatura e a disponibilidade de água no solo) há a abertura das flores;
nessa fase a ocorrência de temperaturas muito altas e veranicos prolongados podem
causar sérios prejuízos à fixação de flores e frutos jovens.
→ Frutificação:
a produção final de frutos é resultado da fixação de apenas 1 à 3% das flores
produzidas pelos citros; logo, após o pegamento dos frutos ocorrem divisão
celular e expansão celular, que são eventos que definem o potencial de
crescimento dos frutos ao final da maturação.
CALAGEM E ADUBAÇÃO
Para o plantio das espécies de citros, é
recomendado que a calagem seja feita com a intenção de elevar a saturação de
bases para 70%. Na implantação do pomar, calcular a quantidade para uma
incorporação a 25 cm e, em pomares já estabelecidos, para uma incorporação a 10
cm.
Em relação a adubação, seguindo com
base na análise do solo, é possível interpretar os resultados através da tabela
a seguir:
Quando a cultura já está
estabelecida, e a análise de necessidade de adubação é feita através de análise
foliar, recomenda-se amostrar pelo menos 25 árvores em áreas de no máximo 10 ha
e coletar quatro folhas não danificadas por árvore, uma em cada quadrante e na
altura mediana (terceira ou a quarta folha a partir do fruto), no mínimo 30
dias após a última pulverização. Após a obtenção dos resultados, eles podem ser
interpretados através da tabela abaixo:
Tendo já definidas as características da área,
é possível realizar a adubação, que tem recomendações diferentes à medida que a
cultura vai envelhecendo, como será mostrado a seguir:
Adubação de plantio e pós plantio:
Fonte: 5ª Aproximação
**
Recomenda-se no plantio, aplicar 1/3 do fósforo na forma de fosfato natural
reativo, com base no teor de P disponível, além do fornecimento do nitrogênio
nessa primeira fase apenas pela adubação orgânica (20L de esterco bovino ou 8L
de esterco de galinha por cova), sendo interessante que essa adubação seja
feita aproximadamente 60 dias antes do plantio.
A primeira aplicação de nitrogênio
deve ser feita nos primeiros sinais de brotação da muda. É importante salientar
que a necessidade de adubação do citros aumenta a medida que a planta se torna
mais velha, como é possível ver nas tabelas a seguir:
1º
ano após o plantio:
Fonte: 5ª Aproximação
2º ano após o
plantio:
Fonte: 5ª Aproximação
3º ano após o
plantio:
Fonte: 5ª Aproximação
*Depois
do plantio, de três em três anos, tira-se uma amostra composta da área adubada
e outra do centro das entrelinhas das plantas, para verificar a necessidade de
calagem.
4º
ano após o plantio:
Fonte: 5ª Aproximação
5º ano após o
plantio:
Fonte: 5ª Aproximação
6º ano após o
plantio:
Fonte: 5ª Aproximação
Adubação
de cobertura, suplementar: do 6º ano pós-colheita em diante:
Para laranjeiras, pomeleiros, limeiras
e limoeiros:
Para tangerineiras:
** (A) = dias antes da floração (agosto); (B)
= logo após a queda das pétalas; (C) = frutos em crescimento, (D) = frutos de
vez
Em relação aos micronutrientes, quando for constatada a deficiência de zinco e
manganês, usar, por via foliar, solução cuja concentração final não ultrapasse
os 15 g/L de sais, pulverizando-a a alto volume com espalhante adesivo. O
estádio ideal para a pulverização é quando as brotações estiverem com um terço
do tamanho final e o solo úmido. Para corrigir a carência de boro, usar bórax,
na dose de 80 g/planta, aplicado ao solo. Quando a deficiência de magnésio for
persistente e a correção urgente, aplicar sulfato de magnésio (4 g/L), por via
foliar.
Sintomas de deficiência em nutrientes
do citros
Deficiência de nitrogênio
As folhas com sintomas apresentam coloração
verde-clara e verde-amarelada. Em condições normais, se corrige a deficiência
rápida e facilmente, observando visíveis modificações na performance da planta,
após duas semanas da aplicação de fertilizantes nitrogenados. Em casos extremos
de deficiência, ocorre diminuição ou até paralisação do crescimento das
plantas, folhas menores e pouco numerosas, amarelecimento geral da folhagem,
atingindo também as nervuras; redução do número e tamanho dos frutos, que
apresentam casca fina, verde-pálida, e maturação precoce, e o secamento das
extremidades dos ramos (Rodriguez, 1991).
Deficiência de nitrogênio. Bueno e Gasparotto,
1999
O bioreto (substância presente na uréia) pode
provocar clorose principalmente no ápice das folhas quando há um excesso de
aplicação do nutriente. O percolato (impureza presente no nitrato de potássio)
também pode provocar sintomas de toxicidade quando é aplicado em excesso, tendo
os sintomas parecidos ao problema com bioreto.
Além da clorose, o excesso de nitrogênio pode
provocar o aumento e evitar a queda de frutos, no entanto, diminui o teor de
suco neles. Na planta, o excesso pode provocar o aumento exagerado do tamanho
das folhas, folhas com tecidos mais flácidos ou suculentos, frutos menores e de
casca grossa, com baixo valor comercial.
Excesso de nitrogênio. Bueno e Gasparotto,
1999
Deficiência de fósforo
É uma deficiência difícil de ser reconhecida
pela semelhança ao sintoma da deficiência de nitrogênio. A falta acentuada de
fósforo causa perda do brilho com bronzeamento da folhagem, redução do tamanho
das folhas com seca nas extremidades e bordas, podendo haver queda anormal,
gerando galhos desfolhados. Também pode haver queda exagerada de folhas novas e
botões florais, diminuindo a produção, além dos frutos, em número reduzido,
apresentarem casca com espessura aumentada e miolo ou columela oca.
Em relação ao excesso de fósforo, também é
possível relatar alguns problemas nutricionais, como a diminuição do tamanho
dos frutos. Outra fator é o aumento do teor de suco no fruto, enquanto a
vitamina C diminui. Grandes quantidades desse nutriente também pode induzir a
carência de cobre, reduzir a absorção de boro e zinco e aumentar a absorção de
magnésio e manganês.
Sintoma de deficiência de fósforo. Bueno e
Gasparotto, 1999
Deficiência de potássio
Os
sintomas da deficiência de potássio são mais visíveis nos frutos. As folhas das
extremidades dos ramos são reduzidas, verde-amarelas, com a lâmina foliar
ondulada e as extremidades encurvadas. Elas podem se tornar bronzeadas e
encurvadas, ocorrendo queda exagerada de frutos. Em casos de deficiência
acentuada, há exsudação gomosa nas folhas e morte dos ramos. Os frutos são
pequenos e apresentam casca fina. O enrugamento do fruto, que consiste em
estrias ou sulcos irregulares na porção branca da casca, está relacionado,
entre outros fatores complexos, com baixos níveis de fornecimento de potássio.
Outros fatores também podem provocar a
deficiência de potássio na planta, como ações antagônicas causadas por excesso
de cálcio e/ou magnésio.
O excesso do nutriente na folha da laranjeira
aumenta o tamanho, a produção e o número de frutos. Também aumenta o teor de
vitamina C, porém diminui a concentração de suco no fruto. A elevada
concentração de potássio também pode induzir a deficiência de cálcio e magnésio
e retardar a maturação dos frutos.
Deficiência de potássio. Bueno e Gasparotto,
1999
Deficiência de cálcio
Os sintomas de deficiência podem aparecer nas
folhas maduras com clorose inicial ao longo das margens, atingindo gradualmente
as áreas internervais, com necrose das áreas afetadas, em estágios avançados de
deficiência, porém não é um sintoma característico da deficiência desse
nutriente. O uso da calagem para corrigir a acidez do solo é a fonte de cálcio
necessária para evitar os problemas.
Em solos pobres em potássio, o excesso de
cálcio pode acentuar a deficiência daquele nutriente, ocorrendo acentuada
produção de frutos pequenos, queda de frutos e de folhas e secamento das
extremidades dos ramos.
Sintoma de deficiência de Cálcio. Bueno e
Gasparotto, 1999
Deficiência de Magnésio
Em estágios avançados, toda a folha pode se
tornar clorótica, permanecendo verde uma pequena área próxima ao pecíolo. O
magnésio migra das folhas mais velhas para os frutos, então quando há ausência
do elemento, aparecem cloroses entre as nervuras e nos lados da nervura
principal das folhas, com o remanescente da clorofila formando um "V"
verde invertido em relação ao pecíolo. Em casos de extrema deficiência, há
desfolhamento e pode ocorrer secamento de ramos.
Sintoma de deficiência de Magnésio. Bueno e
Gasparotto, 1999
Deficiência de Enxofre
As
folhas novas com deficiência de enxofre são pequenas e de coloração
verde-amarelada à amarela. O excesso de enxofre resulta em injúrias na casca do
fruto, semelhante a uma forte queimadura de sol.
Sintoma de deficiência de Enxofre. Bueno e
Gasparotto, 1999
Deficiência de Boro
Nas folhas novas aparecem áreas aquosas, que
se tornam translúcidas com o amadurecimento. As nervuras ficam salientes,
algumas vezes rachadas e com aspecto de cortiça, podendo ocorrer encurvamento e
queda fácil das folhas. Há encarquilhamento das folhas maduras, pontuações
amarelas nas folhas mais novas, morte da gema terminal e ausência de flores.
Também pode haver acentuada queda de frutos
novos, frutos de tamanho reduzido, duros, com albedo espesso, deformados e até
com alguma goma externamente. Dentro do fruto pode aparecer, tanto no albedo
quanto no centro, manchas escuras de goma. O suco é reduzido.
Sintoma de deficiência de Boro. Bueno e
Gasparotto, 1999
Deficiência de Cobre
As folhas do novo ciclo de crescimento
apresentam-se pequenas, deformadas, com nervuras verdes bem definidas sobre um
fruto claro, podendo ocorrer a morte dos brotos terminais. As plantas podem
apresentar folhas gigantes, bolsas de goma nos ramos novos e na casca dos
frutos, bem como ao lado das sementes. Pode ocorrer emissão abundante de
borbulhas que não se desenvolvem, enquanto algum ramo se desenvolve
exageradamente, de forma irregular, semelhante a excessos de nitrogênio.
A carência desse nutriente também pode causar
a formação de gemas múltiplas (superbrotação), com emissão de ramos vigorosos
em forma de "S", com folhas grandes e encurvadas. Os frutos se
apresentam manchados e com rachaduras.
Os sintomas de toxidez de cobre são
semelhantes aos de deficiência de ferro, com maior possibilidade de ocorrência
em solos arenosos, ácidos e pobres em matéria orgânica. Os danos as raízes se
assemelham as injúrias causadas por nematoides que provocam deformação e o escurecimento
do órgão.
Sintoma de deficiência de Cobre. Bueno e
Gasparotto, 1999
Deficiência de Ferro
Os citros com deficiência de ferro apresentam
folhas novas delgadas, cloróticas e com nervura verde. Nos casos de deficiência
aguda, toda a folha torna-se amarela, com áreas necróticas; há queda das folhas
da extremidade dos ramos, acompanhada de morte descendente. A ocorrência de
deficiência de ferro nas plantas cítricas não se constitui em problema para os
pomares brasileiros. Não há registro na literatura sobre problemas de excesso
de ferro limitando a citricultura.
Sintoma de deficiência de Ferro. Bueno e
Gasparotto, 1999
Deficiência de Manganês
Os sintomas de deficiência de manganês ocorrem
nas folhas novas, cujo tamanho praticamente permanece normal, com a perda de
brilho e clorose entre as nervuras que permanecem verdes. Quando os sintomas de
deficiência são moderados, tendem a desaparecer em poucas semanas, quando a
folha atinge o tamanho normal.
Sintoma de deficiência de Manganês. Bueno e
Gasparotto, 1999
Deficiência de Molibdênio
A folha apresentam manchas grandes,
amarelo-brilhantes, circulares ou elípticas entre as nervuras. Na face inferior
das folhas essas manchas tornam-se pálidas e resinosas, com acentuada queda de
folhas. Quando há uma maior deficiência os frutos podem apresentar manchas
grandes, pardas, com halo amarelo. As manchas afetam somente a casca, não
atingindo o albedo, mas prejudicando o valor comercial do produto.
A disponibilidade de molibdênio nos solos é
diferente da maioria dos micronutrientes, decrescendo com o aumento da acidez
do solo. Salienta, ainda, que é possível corrigir esta falta só com aplicação
de calcário e que adubações pesadas com sulfato e fosfato tendem a agravar a
deficiência. A literatura não registra casos de excesso de molibdênio limitando
o cultivo de citros.
Deficiência de Zinco
Nas plantas com sintomas de carência de zinco,
as folhas novas são pequenas, alongadas, pontiagudas e eretas, com clorose
internerval, com abundante formação de ramos finos com entrenós curtos e morte prematura
desses ramos. Nos casos mais graves, as folhas ficam com aspecto de
"zebradas" não havendo formação dos botões florais, reduzindo a
produção. Os frutos são pequenos, com pouco suco, e ocorre seca dos ramos.
A absorção de simazina (herbicida) pelas
raízes de plantas cítricas provoca o desenvolvimento de clorose internerval nas
folhas maduras que pode ser confundida com deficiência de zinco. Não se
registra, na literatura, a ocorrência de excesso de Zn limitando a
citricultura.
Sintoma de deficiência de Zinco. Bueno e
Gasparotto, 1999
SINTOMAS DO ATAQUE DE PRAGAS
Ácaro da falsa ferrugem - Phyllocoptruta oleivora
Pode ocorrer em qualquer época do ano atacando
ramos, folhas e frutos. Os danos em frutos têm maior importância econômica uma
vez que reduzem o seu valor comercial causando um bronzeamento ou mesmo
"emplacamento" da área afetada, inviabilizando-o para comercialização
"in natura" ou mesmo para processamento na indústria. Sob condições
favoráveis de alta umidade e temperatura esses ácaros desenvolvem- se
rapidamente atingindo níveis de dano econômico (70-80 ácaros/cm2).
Ácaro da leprose - Brevipalpus phoenicis
Pode ocorrer em qualquer época do ano,
causando a doença "leprose", cujas lesões são deprimidas nos frutos e
folhas. Nos ramos novos originam lesões inicialmente amareladas, que se tornam
salientes e corticosas. Causa queda dos frutos e folhas, e seca de ramos.
No litoral esse ácaro causa a doença
"clorose zonada". Tem preferência em abrigar-se sob as lesões
corticosas ocasionadas pela doença "verrugose".
Cochonilhas
– (Orthezia praelonga, Pinnaspis aspidistrae, Selenaspidus articulatus, Unaspis citri, Coccus viridis)
Elas podem atacar todas as partes da planta,
sugando a seiva e ainda podendo transmitir toxinas. Além de sugar a seiva, elas
provocam o desfolhamento da planta, e a consequente redução de produtividade,
além de queda dos frutos. Causam manchas nos frutos que os depreciam para a
comercialização "in natura". A melhor época para o controle é na
primavera. Os meses frios e secos do ano favorecem a maior infestação dessa
praga. Frequentemente, ela se encontra associada a fumagina.
Folhas e frutos atacados pela cochonilha.
Malavolta et al., 1994.
Mosca das frutas - Ceratitis
capitata
As
larvas perfuram os frutos, causando, quando verdes, a mancha parda e, quando
maduros, podridões e queda abundante.
Ataque da mosca das frutas
Pulgões - Toxoptera
citricidus (preto) e Icerrya purchasi
(branco)
Atacam folhas, hastes, flores e brotos,
causando enrolamento das folhas e redução do desenvolvimento da planta. Sugam a
seiva e vivem associados às formigas, devido ao líquido açucarado que excretam.
Ataque de pulgões
Mariposa das laranjas (Bicho furão) - Ecdytolopha aurantiana
Atacam frutos verdes e maduros, e suas
lagartas causam prejuízos semelhantes ao da mosca das frutas. Perfuram os
frutos, causando escoriações na casca, e alimentam-se da polpa, provocando sua
deterioração e queda abundante dos frutos.
Bicho furão lagarta (esquerda) e adulto
(direita)
Brocas
As
larvas atacam o tronco e os ramos das plantas e causam murchamento e seca dos
ramos ponteiros.
Larva minadora das folhas - Phyllocnistis citrella
As lagartas provocam a formação de galerias
nos tecidos das folhas das plantas de citros. Essas galerias aparecem
inicialmente como um pequeno risco de coloração branca e se extentendo
posteriormente. Elas atacam as duas faces da folha, e por atacar folhas jovens
da mesma forma que a bactéria do cancro cítrico (Xanthomonas axonopodis pv. citri), o minador facilita a penetração
e o desenvolvimento da bactéria na planta. Quando se alimenta das folhas, a
lagarta provoca galerias onde a bactéria se multiplica, aumentando o potencial
de inóculo. As lesões do cancro cítrico seguem o caminho das galerias feitas
pela larva.
Ataque da larva na folha (esquerda) e no fruto
(direita)
Sintomas das principais doenças em citros
Tristeza do citros
É um vírus que é transmitido principalmente
pelo pulgão preto (Toxoptera citricidus). No caso de ataque
severo em plantas de laranja-pêra em qualquer um de seus cones e
independentemente do porta-enxerto, seus ramos geralmente apresentam sintomas
de “caneluras” (ou “steam pitting”). Este tipo de manifestação da tristeza se
caracteriza pelo desenvolvimento de depressões rasas e alongadas no lenho dos
ramos e do tronco, de certas variedades de citros. Esse sintoma se associa com
a presença de goma nos tecidos. Paralisação no crescimento e produção de frutos
pequenos e descoloridos são sintomas adicionais nas plantas atacadas. Não há
medidas de prevenção, em virtude da presença do inseto vetor, que transmite o
vírus de árvore a árvore, como também pela borbulha, na ocasião da “enxertia”.
Leprose do Citros
É uma doença causada por vírus, onde o vetor é
o Ácaro Brevipalpus phoenicis. As
folhas apresentam lesões arredondadas e lisas, tanto na face superior como na
inferior, de coloração de verde-pálida a amarela, pode haver ocorrência de
anéis necróticos no centro. Em grande quantidade, provoca a queda prematura das
folhas.
Em ramos novos, as lesões iniciais são
amareladas. Com o tempo, assumem a cor marrom avermelhada e se tornam
escamadas, podendo ser confundida com lesões de cancro cítrico ou sorose. Em
grande quantidade provoca a morte dos ponteiros e seca dos ramos.
Nos frutos, as lesões geralmente são rasas e
necróticas, distribuídas por toda a superfície. Nos frutos verdes, observa-se
um halo amarelo em torno da lesão e, à medida que ele amadurece, as lesões se
tornam escuras e pouco deprimidas. Ataques intensos provocam a queda dos
frutos, principalmente no caso em que as lesões estão próximas ao pedúnculo.
Fonte: Leite Jr.
Cancro cítrico - Xanthomonas axonopodis pv. Citri
O cancro cítrico é uma doença
bacteriana, que causa lesões locais em folhas, frutos e ramos, as quais são
levemente salientes, corticosas, da cor de palha ou pardacentas. Nas folhas, as
lesões são salientes e correspondentes nas duas faces, circundadas por um halo
amarelo que desaparece, quando as lesões ficam mais velhas. Nos frutos, elas
podem atingir de 2 a 10mm. Os frutos atacados geralmente caem antes de atingir
a maturação final. Nos frutos verdes, observa-se o anel claro que rodeia as
lesões, o qual desaparece com o seu amadurecimento. As lesões podem-se juntar
tomando grandes áreas e provocar o rompimento da casca, o que torna os frutos
imprestáveis para o comércio. Nos ramos, as lesões podem-se unir formando
crostas, que provocam a morte deles quando atingem grandes áreas. Ataques
severos da doença podem provocar desfolha com consequente depauperamento de
plantas, e queda prematura de frutos.
Fonte: Leite Jr.
Sorose
A sorose é um complexo de doenças viróticas
que ocorre em várias regiões do mundo. Se manifesta na fase adulta da planta
(geralmente entre 10 e 15 anos).
Pequenas pústulas aparecem nos ramos
e galhos principais. Essas erupções vão aumentando e chegam a descascar. Há
exsudação de goma quando a doença se torna severa. A planta degenera
lentamente, ficando improdutiva e sendo necessária a sua eliminação.
Clorose variegada dos citros - Xylella fastidiosa
É uma doença bacteriana que tem como
vetores os insetos Acrogonia citrina,
Bucephalogonia xanthophis, Dilobopterus costalimai, Oncometopia facialisse. Caracteriza-se
pela presença de manchas cloróticas nas folhas, que evoluem para uma clorose
variegada. Inicialmente, os sintomas manifestam-se em um ramo da planta, mas
posteriormente toda a planta é afetada. As plantas produzem frutos pequenos e
endurecidos, e tornam-se praticamente improdutivas.
No pomar, a doença ocorre
inicialmente em plantas ao acaso, porém passa a ocorrer em reboleiras. As
plantas mostram os primeiros sintomas dos três aos cinco anos de idade. A
doença progride rapidamente e, em dois a três anos após a primeira constatação
do problema, o pomar torna-se praticamente improdutivo.
Sintomas da CVC. Fonte: Lacava, 2017
Greening (Huanglongbing, HLB ou Amarelão dos
Citros)
É a mais destrutiva doença dos
citros no Brasil. Não há variedade comercial de copa ou porta-enxerto
resistente à doença e as plantas contaminadas não podem ser curadas.
As bactérias Candidatus Liberibacter asiaticus e Candidatus Liberibacter americanus são as responsáveis por causar a
doença. Elas são transmitidas para as plantas de citros pelos psilídeos Diaphorina citri e Trioza erytreae.
A bactéria multiplica-se e é levada
por meio do fluxo da seiva para toda a planta. Quando há sintomas na
extremidade dos galhos, ela pode ficar alojada em vários pontos, inclusive na
parte baixa do tronco e nas raízes, o que torna a poda inútil e perigosa. Além
de não curar a planta, as brotações que surgem após a poda servem como fonte
para novas infecções.
Os primeiros sintomas da doença são
brotações amarelas, levando para progressivamente o amarelecimento de toda a
planta. Plantas cronicamente infectadas apresentam folhagem esparsa e morte dos
ponteiros. As folhas apresentam manchas amareladas e frutos pequenos e mal
coloridos. O suco de frutos afetados tem baixo teor de sólidos solúveis, alta
acidez e amargor excessivo.
As árvores novas contaminadas pelo
greening não chegam a produzir e as que produzem sofrem uma grande queda de
frutos. Os pomares com alta incidência da doença devem ser totalmente
eliminados porque praticamente todas as plantas, inclusive as sem sintomas,
devem estar contaminadas.
Sintomas de greening
Gomose - Phytophthora spp.
É uma doença fúngica causada por Phytophthora spp. Ataca a casca, a parte
interna do tronco, raízes e ramos das plantas. Geralmente o fungo invade a
planta na região próxima ao solo, e que foi acidentalmente ferida por
ferramentas. O local doente solta a casca e deixa escorrer uma goma escura.
Sintomas secundários envolvem
amarelecimento, murcha e queda de folhas. Frutos e ramos novos podem ser
afetados diretamente, formando lesões. Um dos cuidados mais importantes para
prevenção da doença é evitar manter a copa úmida por muito tempo.
Adaptado de: Leite Jr.
Pinta Preta - Guignardia citricarpa (Phyllosticta
citricarpa)
É uma doença fúngica que ataca as
folhas, ramos e os frutos e todas as variedades de laranjas doces, limões e
tangerinas, com exceção da lima ácida ‘Tahiti’, na qual não são observados os
sintomas.
É disseminada por meio de mudas,
restos de material vegetal e chuvas com vento. Não provoca alterações no sabor,
o que permite a comercialização dos frutos para a indústria de suco. Os frutos
infectados, entretanto, ficam impróprios para o mercado in natura devido aos
danos na aparência.
Nos frutos pode ocorrer diferentes
sintomas como falsa melanose, mancha preta, mancha sardenta e mancha virulenta,
mas as lesões de mancha preta são as mais típicas e aparecem quando os frutos
estão na fase de amadurecimento. Nas folhas, as lesões aparecem como as de
mancha preta e são evidentes nos dois lados da folha.
Sintomas de Pinta Preta.
Verrugose
Há dois tipos principais de
verrugose: verrugose da laranja azeda, causada pelo fungo Elsinoe fawcettii, de
ocorrência generalizada em todas as regiões citrícolas do globo, que afeta
todos os órgãos aéreos de um pequeno número de variedades cítricas, incluindo
laranjas azedas, limões rugosos, limões verdadeiros, limões Cravos, pomelos,
trifoliatas, tangor, calamondin e algumas tangerinas (Cravo, King, Satsuma) e
verrugose da laranja doce causada pelo fungo Elsinoe australis, de
ocorrência restrita à América do Sul, que afeta principalmente frutos de
laranjas doces e, com menor intensidade, outras espécies de citros e gêneros
afins, como algumas tangerinas, limas doces, limas ácidas, Kunquates, pomelos e
tângelos. No Brasil, a verrugose da laranja doce é considerada a principal
doença do fruto, sendo a doença da cultura que mais consome fungicidas para seu
controle.
Os sintomas gerais das duas
verrugoses são muito semelhantes: Manchas salientes, irregulares, corticosas
nas folhas e/ou frutos. No entanto, a verrugose da laranja azeda afeta ramos,
folhas e frutos, ao passo que a verrugose da laranja doce afeta quase que só
frutos, sendo raramente encontrada em folhas ou ramos.
Sintomas de verrugose
Melanose - Diaporthe
citri
É
uma doença fúngica que provoca pequenas lesões arredondadas de cor escura que
ocorrem em galhos, folhas e frutos. Provoca a depreciação do fruto para
comercialização in natura.
Sintomas de melanose.
Referências bibliográficas:
Bueno, N.; Gasparotto, L. Sintomas de deficiências nutricionais em citros. EMBRAPA, Manaus
(AM), 1999. Disponível em: <https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/64450/1/CircTec-06-1999.pdf>. Acesso em: 15.08.2017
Cantarella, H., D. Mattos Jr., J.A. Quaggio, and A.T.
Rigolin. 2003. Fruit
yield of Valencia sweet orange fertilized with different N sources and the loss
of applied N. Nutr. Cycling
Agroecosystems 67:1-9.
CITROS: Recomendações
para o controle das principais pragas e doenças em pomares do Estado de São
Paulo. Campinas:
CECOR/ SAA/CATI, 1991. 55p. (Boletim Técnico, 165)
Lacava, Paulo Teixeira. Manipulação
de bactérias endofíticas para o controle biológico da Xylella fastidiosa, agente causal da Clorose Variegada dos Citros.
Disponível em:<http://slideplayer.com.br/slide/379493/>. Acesso em: 20.09.2017
Leite Jr, Rui Pereira. Doenças
dos citros e seu controle. IAPAR. Disponível em:< http://www.adapar.pr.gov.br/arquivos/File/GSV/CFO/II_Semana_Integrada_Cursos_CFO_2015/Apresentacoes/Doencas_Citros.pdf>. Acesso em: 11.09.2017.
Malavolta, E.; Prates, H. S.; Casale, H.; Leão, H. C. Arquivo do agrônomo - Nº 4. Seja doutor do
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Matos Jr, D.; Quaggio, J. A.; Cantarella, H. Fruteiras, Capítulo 4 - Citros. EMBRAPA.
Disponível em:< https://www.ipipotash.org/udocs/FRUTEIRAS_4_Citros.pdf>. Acesso em: 15.08.2017
Ribeiro, A.C.; Guimarães, P. T. G.; Alvarez V, V. H. Recomendação para o uso de corretivos e
fertilizantes em Minas Gerais - 5ª Aproximação (Revisada). Disponível
em:< https://drive.google.com/file/d/0BwvgOmy7V2IBMWNZdjZNQTZKdW8/view?usp=sharing>.
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