quarta-feira, 9 de agosto de 2017

Classificação dos herbicidas


  
Quanto à seletividade: 

  
Herbicidas seletivos: matam ou restringem severamente o crescimento de plantas daninhas numa cultura, sem prejudicar as espécies de interesse além de um nível aceitável de recuperação. Muitos herbicidas são seletivos para culturas, mas pode-se considerar também que alguns deles possuem eficiência apenas sobre algumas espécies de plantas daninhas. Herbicidas como trifluralinclethodim e fluazifop são seletivos para o controle de gramíneas e outros como bentazonacifluorfen e lactofen são seletivos para o controle de folhas largas.  
Herbicidas não seletivos: são aqueles de amplo espectro de ação, capazes de matar ou injuriar severamente todas as plantas, quando aplicados nas doses recomendadas. Glyphosate e sulfosate são herbicidas não seletivos registrados para desssecação de manejo das plantas daninhas em áreas de semeadura direta, enquanto paraquatdiquat e amônio-glufosinato são mais utilizados para dessecação pré-colheita. Em função do largo espectro de espécies de plantas afetadas por esses herbicidas, os mesmos são considerados não seletivos. 


Quanto à translocação: 

  
Herbicidas com ação de contato: Não se translocam ou se translocam de forma muito limitada. Só causam danos nas partes que entram em contato direto com os tecidos das plantas, necessitando, portanto, de uma boa cobertura na aplicação. O efeito normalmente é rápido e agudo, podendo se manifestar em questão de horas. Alguns herbicidas cuja ação sobre as plantas é caracteristicamente de contato são bentazonlactofen e paraquat. 
Herbicidas com ação sistêmica: Normalmente são caracterizados pelo efeito mais demorado, crônico. A translocação pode ocorrer pelo xilema, pelo floema, ou através de ambos, dependendo do herbicida e da época de aplicação. Em aplicações na parte aérea, as condições de clima e de umidade do solo são fatores importantes que interferem no resultado final observado. Para que se manifeste o efeito desejado sobre as plantas daninhas, estes herbicidas dependem de franca atividade metabólica das plantas. Produtos de absorção lenta também podem sofrer infuência de chuvas logo após a aplicação. Herbicidas como fluazifopfenoxapropsethoxydim e clethodim são considerados de absorção rápida, não necessitando período maior do que uma hora sem chuva após a aplicação. Por outro lado, herbicidas como o glyphosate e o 2,4-D amina necessitam de um período mínimo sem chuvas após a aplicação de 4 horas para que não haja prejuízo no resultado de controle. 


Quanto à época de plantio: 

  
Pré-plantio e incorporado (PPI): Refere-se aos produtos que são aplicados ao solo e que posteriormente precisam de incorporação mecânica ou por meio de irrigação. Herbicidas deste tipo, podem apresentar uma ou mais das características a seguir: 
  
→           Mecanismo de ação que requer contato entre o herbicida e plântulas antes ou durante a emergência; 
→           Baixa solubilidade em água; 
→           Fotodegradação; 
 →          Volatilidade (alta pressão de vapor); 
  
A alta pressão de vapor faz com que a perda de produto por volatilização seja acentuada quando o produto permanece na superfície do solo. Este fato, aliado à baixa solubilidade e às perdas por fotodegradação, fazem com que o produto normalmente necessite de incorporação ao solo. Um exemplo de produto com essas características é o do trifluralin. Novas formulações desse produto têm sido desenvolvidas para evitar a obrigatoriedade de incorporação, mas mesmo para estas formulações, uma incorporação leve resulta no aumento da eficácia. Já o EPTC, tendo maior solubilidade pode ser incorporado também por meio de uma irrigação logo após a aplicação.  
Ambos herbicidas, embora de grupos químicos diferentes, atuam sobre o mesmo processo metabólico (a divisão celular), o que faz com que ambos sejam efetivos apenas quando em contato com os tecidos em fase de divisão celular. Formulações de herbicidas que requerem incorporação ao solo encontram-se em desuso, tanto pela maior exigência de trabalho para sua utilização quanto pelo fato de que tais formulações são incompatíveis com o sistema de plantio direto. 
  
Pré-emergência (PRÉ): A aplicação é feita após a semeadura ou plantio, mas antes da emergência da cultura e das plantas daninhas. 
Em alguns casos, como na cultura do algodão, pode haver aplicações de herbicidas em pré-emergência das plantas daninhas, mas após a emergência da cultura. Neste caso, as aplicações são dirigidas às entrelinhas da cultura, depois dela atingir certa altura. Tendo em vista que as plantas daninhas ainda não emergiram, tal aplicação é considerada como sendo em pré-emergência. Nas aplicações em PRÉ, a eficácia dos herbicidas depende muito da disponibilidade de água no solo, uma vez que estes produtos atuam sobre processos como a germinação de sementes ou o crescimento radicular. Exemplos típicos desse tipo de herbicida são o Imazaquin, alachlor e diuron. 
  
Pós-emergência (PÓS): Nas aplicações em pós-emergência, as plantas daninhas encontram-se emergidas, mas a cultura nem sempre. Um exemplo típico de aplicação em PÓS sem a presença da cultura é a aplicação realizada para a dessecação antes do plantio direto de culturas. Na maioria dos casos de aplicações em PÓS, no entanto, tanto plantas daninhas quanto culturas encontram-se emergidas, sendo assim, o herbicida deve ser absorvido em maior parte pela via foliar, além de requerer da cultura tolerância à exposição direta ao produto. 
A idade das plantas daninhas é muito importante para a eficiência deste tipo de aplicação. As aplicações normalmente são feitas em fases precoces do desenvolvimento das invasoras (geralmente compreende a fase até 3-4 folhas para as dicotiledôneas e antes ou até o início do perfilhamento para gramíneas). Às vezes são ainda utilizados os termos PÓS inicial e PÓS precoce para se referir a aplicações realizadas em estádios ainda mais precoces de desenvolvimento das plantas daninhas.  
Aplicações em PÓS tardia (plantas adultas) muitas vezes são necessárias, como, por exemplo, na dessecação de lavouras antes da colheita ou na operação de manejo das plantas daninhas em áreas de semeadura direta. Em função do estádio de desenvolvimento avançado das plantas, doses mais elevadas ou produtos sistêmicos são usados nestas situações. Exemplos de herbicidas desse tipo são sethoxydimglyphosatebentazonlactofen e ioxynil. 
  

Quanto a estrutura química e mecanismo de ação: 


Diferentes herbicidas pertencentes a uma mesma família de compostos podem atuar de maneira distinta no controle das plantas daninhas, o que torna difícil a classificação somente pela estrutura química. No entanto, quando alia-se com a classificação dos mecanismos de ação do herbicida, é de grande utilidade. Conhecer o mecanismo de ação requer um estudo avançado que envolve aspectos relacionados à química, bioquímica e fisiologia vegetal. Embora o conhecimento a respeito do mecanismo de ação de um herbicida não implique diretamente em um melhor nível de controle de plantas daninhas, ele provê uma ferramenta fundamental no entendimento dos mecanismos de seletividade, do comportamento dos herbicidas nas plantas e no ambiente e do efeito de fatores ambientais na eficiência destes produtos a campo. 
Além dessas classificações, os herbicidas ainda podem ser classificados quanto ao tipo de formulação, volatilidade, persistência, potencial de lixiviação, toxicidade, classe toxicológica, solubilidade e polaridade ou forma de dissociação. 


Fatores a ser observados antes da escolha e aplicação de um herbicida: 
  
Principalmente para herbicidas aplicados diretamente no solo: 
→           Características físicas e química (como o pH); 
→           Textura e teor de carbono orgânico; 
  
Para qualquer tipo de herbicida:  
 →          Registro do herbicida para uso na cultura; 
→           Eficiência sobre a infestação predominante na área; 
 →          Estádio de desenvolvimento das plantas daninhas; 
→           Estimar qual o período de controle que se necessita; 
 →          Custo por unidade de área; 
 →          Disponibilidade para aquisição no mercado local; 
 →          Menor toxicidade para o homem e ambiente; 
→           Efeito residual para culturas em rotação; 
→           Menor potencial de contaminação ambiental (deriva, lixiviação, "runoff"); 
 →          Adequação do equipamento disponível para aplicação; 
 →          Maior flexibilidade quanto à época de aplicação; 
 →          Adequação ao sistema de plantio adotado na propriedade (direto/convencional); 
→           Potencial de seleção de biótipos de plantas daninhas; 
  
  

  
  
Bibliografia: 
  
OLIVEIRA JR et al. Biologia e manejo de plantas daninhas. 2011. Disponível em: http://omnipax.com.br/livros/2011/BMPD/BMPD-livro.pdf. Acesso em: 08.08.2017.

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