quarta-feira, 17 de maio de 2017

CULTURA DA SOJA


A soja é uma das mais importantes culturas na economia mundial e a maior cultura explorada no Brasil. Seus grãos são muito usados pela agroindústria (produção de óleo vegetal e rações para alimentação animal), indústria química, indústria de alimentos, além de também ser usada como alternativa de matéria prima para a produção de biodiesel. O cultivo da leguminosa iniciou-se no sul do país e a partir da década de 1980 ganhou o Cerrado graças ao desenvolvimento de cultivares adaptadas para esse bioma.
Seu cultivo apresenta grande importância econômica e vem levando o progresso e desenvolvimento nas diversas regiões de cultivo. No mercado mundial, atualmente o Brasil participa com cerca de 30,5 % da produção mundial e 17,4% dessa produção mundial é exportada somente na forma de grãos, não contabilizando ainda as exportações de farelo e de óleo de soja. (EMBRAPA, 2016)

TEMPERATURA E PLUVIOSIDADE

A soja melhor se adapta a temperaturas do ar entre 20 °C e 30°C, tendo como 30°C a temperatura ideal para seu desenvolvimento. A necessidade total de água na cultura da soja, para obtenção do máximo rendimento, varia entre 450 a 800 mm/ciclo, dependendo das condições climáticas, do manejo da cultura e da duração do ciclo.
A necessidade de água da planta vai aumentando à medida que a planta se desenvolve, podendo o déficit hídrico provocar a murcha permanente, o enrolamento de folhas, a queda prematura de folhas e flores e o abortamento das vagens.

ADUBAÇÃO

A adubação é feita seguindo os critérios de 2 tabelas. Primeiro, utiliza-se a tabela de intepretação da fertilidade do solo para identificar se o solo possui uma quantidade baixa, média ou boa de Fósforo e Potássio, e após essa identificação, aplica-se a adubação de com base no resultado. Quando é feita a inoculação de sementes, a adubação nitrogenada não traz resultados significativos para a cultura devido a grande fixação biológica do nutriente que ocorre
.
Tabela de interpretação de solo (5ª Aproximação)




Adubação mineral com base na tabela acima



SINTOMA DA DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES

Deficiência de nitrogênio




Deficiência de fósforo



Deficiência de Potássio



Deficiência de Cálcio




Deficiência de Magnésio



Deficiência de outros micronutrientes..




PRINCIPAIS PRAGAS DA SOJA


Percevejo marrom

Causam basicamente três tipos de danos às culturas: enrugamento ou chochamento dos grãos, provocado pela sucção da seiva das vagens ainda verdes; retenção foliar ou “soja louca”, caracterizada pela permanência de folhas verdes nas plantas quando as vagens já estão em ponto de colheita; e o favorecimento da ação de doenças sobre os grãos e as sementes, que provocam danos antes e após a colheita.

Percevejo marrom ninfa (à esquerda) e adulto (à direita). Fonte: Plantimar

Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis includens)

                Surtos da praga são detectados com frequência no oeste da Bahia, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, sendo associadas a campos de soja e algodão em regiões produtores destas culturas. Provoca desfolha intensa na planta, deixando somente as nervuras.


Adaptado de: Plantimar

Lagarta da soja

As lagartas, inicialmente, apenas raspam pequenas áreas das folhas deixando para trás uma membrana translúcida e perfurações. Quando estão maiores, alimentam-se de toda a superfície foliar, inclusive de nervuras, pecíolos e hastes mais finas. Nesse caso, as folhas atacadas ficam com grandes áreas recortadas ou são completamente consumidas.


Mosca Branca

Causam danos pela retirada de nutrientes e água e pela transmissão de doenças. As plantas infestadas mostram-se enfraquecidas, as folhas caem e os frutos ficam murchos, além de amadurecerem de forma irregular e caírem precocemente. Também provocam a formação de fumagina, que é um fungo que se desenvolve sobre as excreções dos insetos na superfície das folhas, prejudicando a fotossíntese e a respiração vegetal. Entretanto, o dano mais importante é a transmissão de vírus, como o causador da haste-negra-da-soja ou necrose-da-haste.

Fonte: Plantimar

Percevejo castanho (Scaptocoris spp.)

Vivem no solo e se alimentam da seiva de raízes de diversas plantas cultivadas. As plantas atacadas apresentam desenvolvimento inferior ao restante da cultura e alguns sintomas de deficiência nutricional e hídrica. Esses problemas ocorrem em razão da sucção da seiva e da injeção de substâncias tóxicas. As plantas enfraquecidas podem morrer.


 Percevejo barriga-verde

Tanto as ninfas quanto os adultos se alimentam da seiva das plantas, que sugam das hastes, brotações e vagens. Durante essa atividade, o inseto também injeta toxinas que causam a retenção foliar, chamada de “soja louca”. Quando o ataque é nas vagens, há formação de grãos chochos ou manchados.

Ninfa (à esquerda) e adulto (à direita). Adaptado de: Plantimar


Coró-da soja

São chamados de corós, as larvas de algumas espécies de besouros. Os adultos são responsáveis pela reprodução e dispersão da espécie. As fêmeas consomem folhas, mas não causam danos significativos. Os prejuízos são causados pelas larvas, que se alimentam de raízes e podem causar a morte das plantas, especialmente as recém-germinadas. Os ataques ocorrem em reboleiras e são identificados pela observação de plantas amareladas e pouco desenvolvidas.

Fonte: EMBRAPA

Helicoverpa Armigera

É uma praga de grande importância, identificada recentemente (2012/2013), que pode provocar grandes danos na cultura, se não manejada corretamente. As lagartas podem se alimentar de folhas e hastes, mas tem preferência pelas estruturas reprodutivas como botões florais, frutos maçãs, espigas e inflorescências, causando deformações ou podridões nestas estruturas, ou até mesmo sua queda.



Fonte: Embrapa

Lagarta das vagens

Os danos são causados pelas lagartas que inicialmente apenas raspam a superfície das folhas e depois passam a devorar, principalmente, vagens e grãos. As lagartas Spodoptera eridania e Spodoptera cosmioides compõem um importante grupo de pragas que ataca as vagens da soja.

Fonte: Plantimar

Acaros

O ácaro-verde (Mononychellus planki) é a espécie mais frequente em soja no Brasil, porém é menos agressiva que os demais ácaros. O ácaro rajado (Tetranychus urticae) é a segunda espécie mais frequente em soja no Brasil e a mais agressiva. Já as espécies de ácaro vermelhos (Tetranychus ludeni, Tetranychus desertorum e Tetranychus gigas) são muito semelhantes entre si e pouco frequentes em soja no Brasil.

Fonte: Plantimar



PRINCIPAIS DOENÇAS E SINTOMATOLOGIA



Ferrugem Asiática  (Phakopsora Pachyrhizi)

A doença é favorecida por chuvas bem distribuídas e longos períodos de molhamento. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento varia entre 18°C e 28°C. Em condições ótimas, as perdas na produtividade podem variar de 10% a 80%.
Os sintomas podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, sendo os primeiros caracterizados por minúsculos pontos mais escuros do que o tecido sadio da folha, de coloração esverdeada a cinza-esverdeada.

Fonte: EMBRAPA

Oídio (Microsphaera diffusa)

Microsphaera diffusa é um parasita obrigatório que se desenvolve em toda a parte aérea da planta. Nas folhas, com o passar do tempo, a coloração branca do fungo muda para castanho-acinzentada e, em condições de infecção severa, pode causar seca e queda prematura das folhas.
A infecção pode ocorrer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, sendo mais comum no início da floração. Condições de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (18 °C a 24 °C) são favoráveis ao desenvolvimento da doença. Ns lavouras mais atingidas podem ter perdas de rendimento de até 40%.

Fonte: EMBRAPA (2014)

Cancro da haste (Diaporthe aspalathi e Diaporthe caulivora)

Dependendo das condições climáticas da região, os restos culturais podem manter o fungo viável. A evolução da doença é lenta, pois as infecções ocorridas logo após a emergência formam os cancros entre a floração e o enchimento das vagens. As plantas adultas adquirem resistência à doença.
Normalmente, o nível de infecção na semente é baixo, porém os restos de cultura podem transmitir a doença para o próximo cultivo. Iniciando com poucas plantas infectadas no primeiro ano, o cancro da haste pode causar perda total, na safra seguinte.

Fonte: EMBRAPA

Antracnose (Colletotrichum truncatum)

A antracnose é uma doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e ocorre com maior frequência na região dos Cerrados, por causa elevada precipitação e das altas temperaturas. Em anos chuvosos, pode causar perda total da produção, mas, com maior frequência, causa redução do número de vagens, induzindo a planta à retenção foliar e à haste verde.
A alta intensidade da antracnose nas lavouras dos Cerrados é atribuída à maior precipitação e às altas temperaturas, porém, outros fatores como o excesso de população de plantas, cultivo contínuo da soja, estreitamento nas entrelinhas (35-43 cm), uso de sementes infectadas, infestação e dano por percevejo e deficiências nutricionais, principalmente de potássio, são também responsáveis pela maior incidência da doença. Sementes oriundas de lavouras que sofreram atraso de colheita, por causa de chuvas, podem apresentar índices mais elevados de infecção.

Fonte: EMBRAPA (2014)

Seca da haste (Phomopsis spp.)

É uma das doenças mais tradicionais da soja e, anualmente, junto com a antracnose, é responsável pelo descarte de grande número de lotes de sementes. Seu maior dano é observado em anos quentes e chuvosos, nos estádios iniciais de formação das vagens e na maturação, quando ocorre o retardamento de colheita por excesso de umidade. Em solos com deficiência de potássio, o fungo causa sério abortamento de vagens, geralmente associado com a antracnose, resultando em haste verde e retenção foliar. Cultivares precoces com maturação no período chuvoso são severamente danificadas.

Fonte: EMBRAPA (2014)

Mancha alvo e podridão radicular de Corynespora (Corynespora cassiicola)

Cultivares suscetíveis podem sofrer completa desfolha prematura, apodrecimento das vagens e intensas manchas nas hastes. Através da infecção na vagem, o fungo atinge a semente e, desse modo, pode ser disseminado para outras áreas. A infecção, na região da sutura das vagens em desenvolvimento, pode resultar em necrose, abertura das vagens e germinação ou apodrecimento dos grãos ainda verdes. A podridão de raiz causada pelo fungo Corynespora cassiicola é também comum, principalmente em áreas de semeadura direta.

Fonte: EMBRAPA (2014)

Podridão parda da haste (Cadophora gregata)

O fungo sobrevive em restos culturais de soja e no solo e não é disseminado por semente. A infecção ocorre através do sistema radicular, aproximadamente 30 dias após a germinação, sendo uma doença de desenvolvimento lento, que mata as plantas na fase de enchimento de grãos.  O aumento da intensidade de sintomas, tanto foliares quanto internos na haste, é favorecido por temperatura do ar entre 15 °C e 27 °C e alta umidade do solo após o florescimento.
A partir do estádio de enchimento de grãos, pode ser observado escurecimento marrom-escuro da medula da haste e da raiz. Esses sintomas podem ser acompanhados de súbita clorose e necrose internerval de folhas (folha “carijó”), seguida de queda precoce. A doença não apresenta sintoma externo na haste e nas raízes. Em casos severos, quando a morte de plantas ocorre antes do completo enchimento de vagens, há intensa queda de vagens e as plantas podem apresentar rápido murchamento das folhas, que ficam pendentes ao longo das hastes.

Fonte: EMBRAPA (2014)


Podridão vermelha da raiz (Fusarium brasiliense, F. tucumaniae, F. crassistipitatum)

A doença costuma aparecer próximo ao florescimento. Cultivares precocestendem a sofrer menos danos. Ela é mais severa em solos mal drenados e com problemas de compactação. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento varia de 22 °C a 24 °C. Temperaturas superiores a 30°C limitam a expressão da doença.
A infecção na raiz inicia com uma mancha avermelhada, mais visível na raiz principal, geralmente localizada um a dois centímetros abaixo do nível do solo. Essa mancha expande-se, circunda a raiz e passa da coloração vermelho-arroxeada para castanho--avermelhada a quase negra. O tecido lenhoso da haste, acima do nível do solo, adquire coloração castanho-clara. Na parte aérea, observa-se o amarelecimento prematuro das folhas e necrose entre as nervuras, resultando no sintoma conhecido como folha “carijó”. Em plantas severamente afetadas, pode ocorrer desfolha prematura e abortamento de vagens.

Fonte: EMBRAPA (2014)

Tombamento e morte em reboleira de Rhizoctonia & a Mela (Rhizoctonia solani)

O fungo pode provocar 2 doenças na soja: o Tombamento e morte em reboleira e a Mela (ou requeima). A sua ocorrência é favorecida por temperaturas entre 25 °C e 30 °C e longos períodos de umidade.
A doença do tombamento ocorre entre a pré-emergência e 30-35 dias após a emergência, sob condições de temperatura e umidade elevadas. A morte em reboleira é observada geralmente após a floração, em áreas recém-abertas, sendo raramente detectada em campos cultivados por mais tempo. A doença é favorecida por temperaturas amenas em anos chuvosos.
Na fase de plântula ocorre o estrangulamento da haste ao nível do solo, resultando em murcha e tombamento ou sobrevivência temporária, com emissão de raízes adventícias acimada região afetada. Essas plantas normalmente tombam antes da floração.
No florescimento ocorre podridão aquosa de coloração castanha na haste próximo ao nível do solo. O sistema radicular adquire coloração castanho--escura, o tecido cortical fica mole e se solta com facilidade, expondo um lenho firme e de coloração branca a castanho clara. Essas plantas morrem em grupos no campo e com as folhas presas voltadas para baixo.

Tombamento e morte em reboleira. Fonte: EMBRAPA (2014)

Na Mela (ou requeima), o fungo pode infectar a soja em qualquer estádio de desenvolvimento, afetando toda a parte aérea da planta. As partes infectadas secam rapidamente, adquirem coloração castanho-clara a castanho-escura. Folha e pecíolo infectados ficam pendentes ao longo da haste ou caem sobre as plantas vizinhas, propagando a doença.
A frequência e a distribuição das chuvas, durante o ciclo da cultura, são fatores determinantes para a ocorrência da doença, já que além do contato entra as plantas, a disseminação ocorre principalmente por meio do respingo das chuvas.

Mela (ou Requeima). Fonte: EMBRAPA (2014)

Crestamento bacteriano (Pseudomonas savastanoi pv. glycinea)

A bactéria está presente em todas as áreas cultivadas com soja no País. É comum na folha, mas pode atacar haste, pecíolo e vagem. Inicia com manchas aquosas, semitransparentes quando observadas contra a luz, que necrosam e aglutinam, formando areas grandes de tecido morto. Pode haver ou não halo amarelado largo ao redor das manchas sob temperatura amena, e estreito ou ausente sob temperatura superiores a 27 °C. Nas horas úmidas da manhã, é possível observar manchas de cor negra com bordas irregulares na página inferior da folha para diagnose da doença, pela presença de uma película brilhante, que é o exsudato da bactéria. Ataques severos causam rasgamento dos espaços internervais da folha e queda.
Semente infectada e restos do cultivo anterior de soja são as fontes iniciais de inóculo, sendo que as sementes infectadas não demonstram sintomas. A doença é favorecida pela alta umidade, principalmente chuva com vento e sob temperatura amenas (20 °C a 26 °C). Em dias secos, finas escamas do exsudato da bactéria são disseminados na lavoura, mas para haver infecção há necessidade haver água na superfície da folha. A bactéria penetra na folha pelos estômatos ou por ferimentos.

Fonte: EMBRAPA

Mosaico comum da soja (Soybean Mosaic Virus - SMV)

O vírus do mosaico comum da soja foi introduzido no Brasil por meio de semente infectada e está distribuído em todas as regiões onde a soja é cultivada. É transmitido por pulgões, a partir de plantas hospedeiras. Condições climáticas que favorecem a população de pulgões (temperaturas de 18°C a 25°C e períodos de pouca chuva) contribuem para maior incidência do vírus no campo.
O SMV causa redução do porte das plantas de soja, afetando o tamanho e o formato dos folíolos, com escurecimento da coloração e enrugamentos. Em alguns casos, há formação de bolhas no limbo foliar. Ele também causa a redução do tamanho das vagens e sementes e o prolongamento do ciclo vegetativo, com sintoma característico de haste verde. Além disso, pode causar o sintoma "mancha café" nas sementes, um derramamento do pigmento do hilo. Essas manchas são marrons ou pretas, de acordo com a cor do hilo.

Fonte: EMBRAPA (2014)

Nematoides de galhas (Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica)

Os nematoides causadores de galhas parasitam um grande número de espécies de plantas, por isso eles sobrevivem na maioria das plantas daninhas, o que torna difícil seu controle. Em anos em que acontecem "veranicos", na fase de enchimento de grãos, os danos tendem a ser maiores. Temperaturas próximas a 25°C também parecem ideais para um bom ciclo de vida do organismo.
Em áreas infestadas, ocorre em reboleiras, onde as folhas das plantas afetadas, normalmente, apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras (folha “carijó”). Às vezes, pode não ocorrer redução no tamanho das plantas, mas, por ocasião do florescimento, nota-se intenso abortamento de vagens e amadurecimento prematuro. Nas raízes atacadas, observam-se galhas em número e tamanho variados, dependendo da suscetibilidade da cultivar de soja e da densidade populacional do nematoide.

Fonte: EMBRAPA (2014)

Nematoide de cisto (Heterodera glycines)

O nematóide de cisto da soja (NCS) é uma das principais pragas da cultura pelos prejuízos que pode causar e pela facilidade de disseminação. Ele pode permanecer no solo por mais de oito anos, mesmo na ausência do hospedeiro. Em solo úmido, com temperaturas de 20 °C a 30 °C, os juvenis eclodem e, se encontrarem a raiz de uma planta hospedeira, penetram e o ciclo se completa em cerca de quatro semanas. O trânsito de máquinas, equipamentos e veículos, levando partículas de solo contaminado, tem sido o principal agente de dispersão do nematoide. Também pode ser disseminado por enxurrada, animais e semente contendo partículas de solo.
O nematoide penetra nas raízes da planta e dificulta a absorção de água e nutrientes, causando a redução de porte e número de vagens, clorose e baixa produtividade. Os sintomas aparecem em reboleiras e, em muitos casos, as plantas morrem. O sistema radicular fica reduzido, onde é possível ver minúsculas fêmeas com formato de limão ligeiramente alongado, de coloração branca a amarelada. Quando a fêmea morre, seu corpo se transforma numa estrutura resistente, de coloração marrom-escura, cheia de ovos, denominada cisto, que se desprende da raiz e permanece no solo.

Fonte: EMBRAPA (2014)



PREVENÇÃO E CONTROLE DAS PRAGAS E DOENÇAS

→           Semeadura no início da época recomendada;
→           Utilizar preferencialmente cultivares precoces;
→           Cumprir o vazio sanitário;
→           Adubação adequada;
→           Adubação verde;
→           Controle biológico;
→           Evitar a semeadura em safrinha;
→           Evitar a semeadura em solos compactados;
→           Utilização de cultivares resistentes;
→           Rotação de culturas;
→           Utilização de fungicida preventivamente, ou no aparecimento dos primeiros sintomas;
→           Maior espaçamento entre linhas;



CONTROLE BIOLÓGICO

Parasitóides

                Existem 20 parasitóides de ovos que podem ser usados para controle na cultura da soja, no entanto os 3 principais são: Trissolcus basalis, Telenomus podisi (mais abundantes) e Trichogramma pretiosum.

Trissolcus basalis

Essa espécie ocorre naturalmente na cultura da soja, porém o uso de inseticidas inadequados pode prejudicar a sua eficiência. Apresenta preferência por parasitar ovos do percevejo verde (Nezara viridula), mas pode parasitar ovos do percevejo-marrom (Euschistus heros) e do percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus), além de outras espécies.
Recomenda-se que ele seja liberado nas primeiras semeaduras, quando a soja estiver no final da floração, época em que se inicia a oviposição dos percevejos. Assim, o efeito do parasitoide sobre a população de percevejos é antecipado, mantendo-os abaixo do nível de controle. As liberações devem ser da ordem de 5.000 indivíduos por ha, de preferência nos períodos de menor insolação, em diferentes pontos da área escolhida.

Trissolcus basalis parasitando ovos de percevejo.
Adaptado de: Simonato et al (2014)


Telenomus podisi

Esta espécie mostra preferência por parasitar ovos do percevejo-marrom, e no decorrer da safra, os índices de parasitismo em ovos podem variar de 30 a 70% nos meses de outubro a dezembro, demonstrando seu grande potencial de uso no controle biológico na soja.

Adaptado de: Simonato et al (2014)

Trichogramma pretiosum

As espécies do gênero Trichogramma são atualmente o grupo de inimigos naturais mais estudados e utilizados no mundo. São parasitoides de ovos com ampla distribuição e um grande número de hospedeiros e com facilidade de criação em hospedeiros alternativos. Para a cultura da soja, Trichogramma pretiosum é a espécie que apresenta maior potencial de uso.
Essas vespas parasitam ovos de mariposas e borboletas de várias espécies-praga que causam prejuízos à lavoura de soja, como a falsa-medideira, a lagarta-da-soja, a lagarta da maçã e a lagarta Helicoverpa armigera.

Adaptado de: Simonato et al (2014)


Predadores

Podisus nigrispinus

Esse predador pode ser encontrado na soja durante todo o ciclo da cultura se alimentando de lagartas e outros insetos menores, apresentando elevado potencial de uso no controle de pragas.

Adaptado de: Simonato et al (2014)

Geocoris spp.

Se alimentam de vários insetos-praga pequenos, como lagartas pequenas, mosca-branca, ácaros e também ovos de diversas pragas. Além disso, pode sobreviver na cultura mesmo na ausência de presas por um longo período, se alimentando apenas da umidade das plantas.  É de ocorrência comum na cultura da soja, sendo encontrado em todas as regiões do país, devido a sua boa adaptação em diferentes temperaturas.

Adaptado de: Simonato et al (2014)

Orius insidiosus

É conhecido como percevejo pirata devido a cor de suas asas. Se alimenta de várias espécies-praga, tais como tripes, ácaros, mosca-branca, cigarrinhas, ovos de lepidópteros e lagartas pequenas de diferentes espécies. Estudos demonstram que esta espécie vem se destacando com grande potencial de uso no controle biológico de pragas, pois possui alta capacidade de busca e predação, bem como habilidade de sobrevivência na falta de presas, podendo se alimentar de outras fontes como pólen e seiva.
Adaptado de: Simonato et al (2014)

Algumas aranhas, joaninhas, formigas, vespas, ácaros e besouros também são importantes para o controle biológico natural, sendo as aranhas o grupo mais importante e abundante durante todo o ciclo da soja, predando uma grande variedade de pragas.
Pouco se conhece sobre a capacidade de predação desses insetos, pelo fato de muitas espécies matarem e retirar partes ou líquidos da presa, enquanto outros consomem ou levam para os ninhos a presa inteira, dificultando o estudo. No entanto, sabe-se que eles são  sensíveis à inseticidas e acaricidas, devendo-se priorizar o uso de produtos seletivos, para que haja a preservação e o aumento das populações destas espécies no campo.

Microorganismos entomopatogênicos

Baculovirus anticarsia

                Esse vírus controla a lagarta da soja. É formulado em pó, com tecnologia também desenvolvida pela Embrapa Soja, em disponibilidade comercial por diversas empresas no Brasil. O produto possui rigoroso controle de qualidade, realizado pela mesma unidade da Embrapa. Também é possível a produção caseira do vírus, coletando as lagartas mortas.

Lagarta morta por Baculovirus anticarsia.
Adaptado de: Simonato et al (2014)

Bacillus thuringiensis

É uma bactéria que vive no solo, e desde a década de 40 foi introduzida no mercado mundial para o controle de pragas agrícolas, principalmente para o controle de insetos da ordem Lepidoptera. Ele produz proteínas que são altamente tóxicas aos insetos, porém, inofensivas aos mamíferos e a flora em geral. São aplicados na soja via foliar e as lagartas ao se alimentarem das folhas, ingerem a proteína inseticida, provocando então o rompimento das paredes do intestino médio do inseto, causando paralisação na alimentação com posterior morte do inseto.
É importante que os inseticidas a base de Bacillus thuringiensis sejam aplicados quando a população de lagartas atingirem o nível de controle uma vez que o período residual de produtos à base da bactéria é curto (7 a 10 dias), o que demandaria aplicações adicionais para o controle de populações subsequentes do inseto.
A recomendação é aplicar o produto o mais tarde possível, uma vez que, a partir do final da floração, geralmente as populações da lagarta da soja declinam a níveis insignificantes devido à elevada ocorrência natural do fungo causador da doença branca como agente de mortalidade dessas lagartas.

Nomuraea rileyi

Entre os inimigos naturais mais importantes da lagarta da soja destaca-se o fungo causador da doença branca, Nomuraea rileyi (citado anteriormente) que é o mais difundido.
Em anos úmidos, apresenta grande efeito no controle de diversas espécies de lepidópteros na cultura da soja, como por exemplo, Anticarsia gemmatalis (lagarta da soja) e Chrysodeixis includens (falsa-medideira), reduzindo as populações das pragas alvo rapidamente e evitando o uso de inseticidas químicos, o que reduz o custo e o impacto ambiental na propriedade e seu entorno. A ocorrência natural elevada deste fungo pode reduzir as populações de lagartas em mais de 90%. No entanto, essa ocorrência pode ser afetada quando se utiliza, fungicidas e herbicidas pouco seletivos.

Lagarta falsa-medideira morta pelo fungo Nomuraea rileyi
Adaptado de: Simonato et al (2014)


Portanto, para que o controle biológico seja eficiente, é essencial dar condições para os inimigos naturais de ocorrência natural na área, aqueles que podem ser utilizados através de liberações e também aos produtos à base de microorganismos entomopatogênicos, para que possam ser efetivos e desempenhar seu papel e para isso, devemos levar em consideração os defensivos que serão utilizados em conjunto com o controle biológico, devendo ser priorizados aqueles que são reconhecidamente seletivos aos inimigos naturais.













Referências bibliográficas:

EMBRAPA, 2003. Tecnologias de produção de soja, região central do Brasil: Doenças e medidas de controle. Disponível em:< https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Soja/SojaCentralBrasil2003/doenca.htm>. Acesso em: 15.05.2017

EMBRAPA, 2014. Manual de identificação de doenças de soja (5ª edição). Disponível em:< https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf>. Acesso em: 15.05.2017

SIMONATO, Juliana; GRIGOLLI, J.; DE OLIVEIRA, H. Controle biológico de insetos-praga na soja. 2014. Disponível em:< https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/102097/1/cap.-8.pdf>. Acesso em: 16.05.2017