A soja é uma
das mais importantes culturas na economia mundial e a maior cultura explorada
no Brasil. Seus grãos são muito usados pela agroindústria (produção de óleo
vegetal e rações para alimentação animal), indústria química, indústria de
alimentos, além de também ser usada como alternativa de matéria prima para a
produção de biodiesel. O cultivo da leguminosa iniciou-se no sul do país e a
partir da década de 1980 ganhou o Cerrado graças ao desenvolvimento de
cultivares adaptadas para esse bioma.
Seu cultivo
apresenta grande importância econômica e vem levando o progresso e
desenvolvimento nas diversas regiões de cultivo. No mercado mundial, atualmente
o Brasil participa com cerca de 30,5 % da produção mundial e 17,4% dessa
produção mundial é exportada somente na forma de grãos, não contabilizando
ainda as exportações de farelo e de óleo de soja. (EMBRAPA, 2016)
TEMPERATURA E PLUVIOSIDADE
A soja melhor
se adapta a temperaturas do ar entre 20 °C e 30°C, tendo como 30°C a
temperatura ideal para seu desenvolvimento. A necessidade total de água na
cultura da soja, para obtenção do máximo rendimento, varia entre 450 a 800
mm/ciclo, dependendo das condições climáticas, do manejo da cultura e da
duração do ciclo.
A necessidade
de água da planta vai aumentando à medida que a planta se desenvolve, podendo o
déficit hídrico provocar a murcha permanente, o enrolamento de folhas, a queda
prematura de folhas e flores e o abortamento das vagens.
ADUBAÇÃO
A adubação é
feita seguindo os critérios de 2 tabelas. Primeiro, utiliza-se a tabela de
intepretação da fertilidade do solo para identificar se o solo possui uma quantidade
baixa, média ou boa de Fósforo e Potássio, e após essa identificação, aplica-se
a adubação de com base no resultado. Quando é feita a inoculação de sementes, a
adubação nitrogenada não traz resultados significativos para a cultura devido a
grande fixação biológica do nutriente que ocorre
.
Tabela de interpretação de solo (5ª Aproximação)
Adubação mineral com base na tabela acima
SINTOMA DA DEFICIÊNCIA DE NUTRIENTES
Deficiência de nitrogênio
Deficiência de fósforo
Deficiência de Potássio
Deficiência de Cálcio
Deficiência de Magnésio
PRINCIPAIS PRAGAS DA SOJA
Percevejo marrom
Causam
basicamente três tipos de danos às culturas: enrugamento ou chochamento dos
grãos, provocado pela sucção da seiva das vagens ainda verdes; retenção foliar
ou “soja louca”, caracterizada pela permanência de folhas verdes nas plantas
quando as vagens já estão em ponto de colheita; e o favorecimento da ação de
doenças sobre os grãos e as sementes, que provocam danos antes e após a
colheita.
Percevejo marrom ninfa (à esquerda) e
adulto (à direita). Fonte: Plantimar
Lagarta falsa-medideira (Chrysodeixis
includens)
Surtos
da praga são detectados com frequência no oeste da Bahia, Goiás, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul, sendo associadas a
campos de soja e algodão em regiões produtores destas culturas. Provoca
desfolha intensa na planta, deixando somente as nervuras.
Adaptado de: Plantimar
Lagarta da soja
As lagartas,
inicialmente, apenas raspam pequenas áreas das folhas deixando para trás uma
membrana translúcida e perfurações. Quando estão maiores, alimentam-se de toda
a superfície foliar, inclusive de nervuras, pecíolos e hastes mais finas. Nesse
caso, as folhas atacadas ficam com grandes áreas recortadas ou são
completamente consumidas.
Mosca Branca
Causam danos
pela retirada de nutrientes e água e pela transmissão de doenças. As plantas
infestadas mostram-se enfraquecidas, as folhas caem e os frutos ficam murchos, além
de amadurecerem de forma irregular e caírem precocemente. Também provocam a
formação de fumagina, que é um fungo que se desenvolve sobre as excreções dos
insetos na superfície das folhas, prejudicando a fotossíntese e a respiração
vegetal. Entretanto, o dano mais importante é a transmissão de vírus, como o
causador da haste-negra-da-soja ou necrose-da-haste.
Fonte: Plantimar
Percevejo castanho (Scaptocoris
spp.)
Vivem no solo
e se alimentam da seiva de raízes de diversas plantas cultivadas. As plantas
atacadas apresentam desenvolvimento inferior ao restante da cultura e alguns
sintomas de deficiência nutricional e hídrica. Esses problemas ocorrem em razão
da sucção da seiva e da injeção de substâncias tóxicas. As plantas
enfraquecidas podem morrer.
Tanto as
ninfas quanto os adultos se alimentam da seiva das plantas, que sugam das
hastes, brotações e vagens. Durante essa atividade, o inseto também injeta
toxinas que causam a retenção foliar, chamada de “soja louca”. Quando o ataque
é nas vagens, há formação de grãos chochos ou manchados.
Ninfa (à esquerda) e adulto (à
direita). Adaptado de: Plantimar
Coró-da soja
São chamados
de corós, as larvas de algumas espécies de besouros. Os adultos são
responsáveis pela reprodução e dispersão da espécie. As fêmeas consomem folhas,
mas não causam danos significativos. Os prejuízos são causados pelas larvas,
que se alimentam de raízes e podem causar a morte das plantas, especialmente as
recém-germinadas. Os ataques ocorrem em reboleiras e são identificados pela
observação de plantas amareladas e pouco desenvolvidas.
Fonte: EMBRAPA
Helicoverpa Armigera
É uma praga de
grande importância, identificada recentemente (2012/2013), que pode provocar
grandes danos na cultura, se não manejada corretamente. As lagartas podem se
alimentar de folhas e hastes, mas tem preferência pelas estruturas reprodutivas
como botões florais, frutos maçãs, espigas e inflorescências, causando
deformações ou podridões nestas estruturas, ou até mesmo sua queda.
Fonte: Embrapa
Lagarta das vagens
Os danos são
causados pelas lagartas que inicialmente apenas raspam a superfície das folhas
e depois passam a devorar, principalmente, vagens e grãos. As lagartas Spodoptera eridania e Spodoptera cosmioides compõem um
importante grupo de pragas que ataca as vagens da soja.
Fonte: Plantimar
Acaros
O ácaro-verde
(Mononychellus planki) é a espécie
mais frequente em soja no Brasil, porém é menos agressiva que os demais ácaros.
O ácaro rajado (Tetranychus urticae)
é a segunda espécie mais frequente em soja no Brasil e a mais agressiva. Já as
espécies de ácaro vermelhos (Tetranychus
ludeni, Tetranychus desertorum e Tetranychus gigas) são muito semelhantes
entre si e pouco frequentes em soja no Brasil.
Fonte: Plantimar
PRINCIPAIS DOENÇAS E SINTOMATOLOGIA
Ferrugem Asiática (Phakopsora Pachyrhizi)
A doença é
favorecida por chuvas bem distribuídas e longos períodos de molhamento. A
temperatura ótima para o seu desenvolvimento varia entre 18°C e 28°C. Em
condições ótimas, as perdas na produtividade podem variar de 10% a 80%.
Os sintomas
podem aparecer em qualquer estádio de desenvolvimento da planta, sendo os
primeiros caracterizados por minúsculos pontos mais escuros do que o tecido
sadio da folha, de coloração esverdeada a cinza-esverdeada.
Fonte: EMBRAPA
Oídio (Microsphaera diffusa)
Microsphaera diffusa é um parasita obrigatório que se desenvolve em toda a parte aérea da
planta. Nas folhas, com o passar do tempo, a coloração branca do fungo muda
para castanho-acinzentada e, em condições de infecção severa, pode causar seca
e queda prematura das folhas.
A infecção pode ocorrer em qualquer estádio
de desenvolvimento da planta, sendo mais comum no início da floração. Condições
de baixa umidade relativa do ar e temperaturas amenas (18 °C a 24 °C) são
favoráveis ao desenvolvimento da doença. Ns lavouras mais atingidas podem ter
perdas de rendimento de até 40%.
Fonte: EMBRAPA (2014)
Cancro da haste (Diaporthe
aspalathi e Diaporthe caulivora)
Dependendo das
condições climáticas da região, os restos culturais podem manter o fungo
viável. A evolução da doença é lenta, pois as infecções ocorridas logo após a
emergência formam os cancros entre a floração e o enchimento das vagens. As
plantas adultas adquirem resistência à doença.
Normalmente, o
nível de infecção na semente é baixo, porém os restos de cultura podem
transmitir a doença para o próximo cultivo. Iniciando com poucas plantas
infectadas no primeiro ano, o cancro da haste pode causar perda total, na safra
seguinte.
Fonte: EMBRAPA
Antracnose (Colletotrichum truncatum)
A antracnose é
uma doença que afeta a fase inicial de formação das vagens e ocorre com maior
frequência na região dos Cerrados, por causa elevada precipitação e das altas
temperaturas. Em anos chuvosos, pode causar perda total da produção, mas, com
maior frequência, causa redução do número de vagens, induzindo a planta à
retenção foliar e à haste verde.
A alta
intensidade da antracnose nas lavouras dos Cerrados é atribuída à maior
precipitação e às altas temperaturas, porém, outros fatores como o excesso de
população de plantas, cultivo contínuo da soja, estreitamento nas entrelinhas
(35-43 cm), uso de sementes infectadas, infestação e dano por percevejo e
deficiências nutricionais, principalmente de potássio, são também responsáveis
pela maior incidência da doença. Sementes oriundas de lavouras que sofreram
atraso de colheita, por causa de chuvas, podem apresentar índices mais elevados
de infecção.
Fonte: EMBRAPA (2014)
Seca da haste (Phomopsis
spp.)
É uma das doenças
mais tradicionais da soja e, anualmente, junto com a antracnose, é responsável
pelo descarte de grande número de lotes de sementes. Seu maior dano é observado
em anos quentes e chuvosos, nos estádios iniciais de formação das vagens e na
maturação, quando ocorre o retardamento de colheita por excesso de umidade. Em
solos com deficiência de potássio, o fungo causa sério abortamento de vagens,
geralmente associado com a antracnose, resultando em haste verde e retenção
foliar. Cultivares precoces com maturação no período chuvoso são severamente
danificadas.
Fonte: EMBRAPA (2014)
Mancha alvo e
podridão radicular de Corynespora (Corynespora
cassiicola)
Cultivares
suscetíveis podem sofrer completa desfolha prematura, apodrecimento das vagens
e intensas manchas nas hastes. Através da infecção na vagem, o fungo atinge a semente
e, desse modo, pode ser disseminado para outras áreas. A infecção, na região da
sutura das vagens em desenvolvimento, pode resultar em necrose, abertura das
vagens e germinação ou apodrecimento dos grãos ainda verdes. A podridão de raiz
causada pelo fungo Corynespora cassiicola
é também comum, principalmente em áreas de semeadura direta.
Fonte: EMBRAPA (2014)
Podridão parda da haste (Cadophora
gregata)
O fungo
sobrevive em restos culturais de soja e no solo e não é disseminado por
semente. A infecção ocorre através do sistema radicular, aproximadamente 30
dias após a germinação, sendo uma doença de desenvolvimento lento, que mata as
plantas na fase de enchimento de grãos. O
aumento da intensidade de sintomas, tanto foliares quanto internos na haste, é
favorecido por temperatura do ar entre 15 °C e 27 °C e alta umidade do solo
após o florescimento.
A partir do
estádio de enchimento de grãos, pode ser observado escurecimento marrom-escuro
da medula da haste e da raiz. Esses sintomas podem ser acompanhados de súbita
clorose e necrose internerval de folhas (folha “carijó”), seguida de queda
precoce. A doença não apresenta sintoma externo na haste e nas raízes. Em casos
severos, quando a morte de plantas ocorre antes do completo enchimento de
vagens, há intensa queda de vagens e as plantas podem apresentar rápido
murchamento das folhas, que ficam pendentes ao longo das hastes.
Fonte: EMBRAPA (2014)
Podridão vermelha da
raiz (Fusarium brasiliense, F. tucumaniae, F. crassistipitatum)
A doença
costuma aparecer próximo ao florescimento. Cultivares precocestendem a sofrer
menos danos. Ela é mais severa em solos mal drenados e com problemas de
compactação. A temperatura ótima para o seu desenvolvimento varia de 22 °C a 24
°C. Temperaturas superiores a 30°C limitam a expressão da doença.
A infecção na
raiz inicia com uma mancha avermelhada, mais visível na raiz principal,
geralmente localizada um a dois centímetros abaixo do nível do solo. Essa
mancha expande-se, circunda a raiz e passa da coloração vermelho-arroxeada para
castanho--avermelhada a quase negra. O tecido lenhoso da haste, acima do nível
do solo, adquire coloração castanho-clara. Na parte aérea, observa-se o
amarelecimento prematuro das folhas e necrose entre as nervuras, resultando no
sintoma conhecido como folha “carijó”. Em plantas severamente afetadas, pode
ocorrer desfolha prematura e abortamento de vagens.
Fonte: EMBRAPA (2014)
Tombamento e morte em reboleira de Rhizoctonia & a Mela (Rhizoctonia solani)
O fungo pode
provocar 2 doenças na soja: o Tombamento e morte em reboleira e a Mela (ou
requeima). A sua ocorrência é favorecida por temperaturas entre 25 °C e 30 °C e
longos períodos de umidade.
A doença do tombamento
ocorre entre a pré-emergência e 30-35 dias após a emergência, sob condições de
temperatura e umidade elevadas. A morte em reboleira é observada geralmente após
a floração, em áreas recém-abertas, sendo raramente detectada em campos
cultivados por mais tempo. A doença é favorecida por temperaturas amenas em
anos chuvosos.
Na fase de
plântula ocorre o estrangulamento da haste ao nível do solo, resultando em
murcha e tombamento ou sobrevivência temporária, com emissão de raízes
adventícias acimada região afetada. Essas plantas normalmente tombam antes da
floração.
No
florescimento ocorre podridão aquosa de coloração castanha na haste próximo ao
nível do solo. O sistema radicular adquire coloração castanho--escura, o tecido
cortical fica mole e se solta com facilidade, expondo um lenho firme e de
coloração branca a castanho clara. Essas plantas morrem em grupos no campo e
com as folhas presas voltadas para baixo.
Tombamento e morte em reboleira.
Fonte: EMBRAPA (2014)
Na Mela (ou
requeima), o fungo pode infectar a soja em qualquer estádio de desenvolvimento,
afetando toda a parte aérea da planta. As partes infectadas secam rapidamente,
adquirem coloração castanho-clara a castanho-escura. Folha e pecíolo infectados
ficam pendentes ao longo da haste ou caem sobre as plantas vizinhas, propagando
a doença.
A frequência e
a distribuição das chuvas, durante o ciclo da cultura, são fatores
determinantes para a ocorrência da doença, já que além do contato entra as
plantas, a disseminação ocorre principalmente por meio do respingo das chuvas.
Mela (ou Requeima). Fonte: EMBRAPA
(2014)
Crestamento
bacteriano (Pseudomonas savastanoi pv.
glycinea)
A bactéria
está presente em todas as áreas cultivadas com soja no País. É comum na folha,
mas pode atacar haste, pecíolo e vagem. Inicia com manchas aquosas,
semitransparentes quando observadas contra a luz, que necrosam e aglutinam,
formando areas grandes de tecido morto. Pode haver ou não halo amarelado largo
ao redor das manchas sob temperatura amena, e estreito ou ausente sob
temperatura superiores a 27 °C. Nas horas úmidas da manhã, é possível observar
manchas de cor negra com bordas irregulares na página inferior da folha para
diagnose da doença, pela presença de uma película brilhante, que é o exsudato
da bactéria. Ataques severos causam rasgamento dos espaços internervais da
folha e queda.
Semente
infectada e restos do cultivo anterior de soja são as fontes iniciais de
inóculo, sendo que as sementes infectadas não demonstram sintomas. A doença é
favorecida pela alta umidade, principalmente chuva com vento e sob temperatura
amenas (20 °C a 26 °C). Em dias secos, finas escamas do exsudato da bactéria
são disseminados na lavoura, mas para haver infecção há necessidade haver água
na superfície da folha. A bactéria penetra na folha pelos estômatos ou por
ferimentos.
Fonte: EMBRAPA
Mosaico comum da soja
(Soybean Mosaic Virus - SMV)
O vírus do
mosaico comum da soja foi introduzido no Brasil por meio de semente infectada e
está distribuído em todas as regiões onde a soja é cultivada. É transmitido por
pulgões, a partir de plantas hospedeiras. Condições climáticas que favorecem a
população de pulgões (temperaturas de 18°C a 25°C e períodos de pouca chuva)
contribuem para maior incidência do vírus no campo.
O SMV causa
redução do porte das plantas de soja, afetando o tamanho e o formato dos
folíolos, com escurecimento da coloração e enrugamentos. Em alguns casos, há
formação de bolhas no limbo foliar. Ele também causa a redução do tamanho das vagens
e sementes e o prolongamento do ciclo vegetativo, com sintoma característico de
haste verde. Além disso, pode causar o sintoma "mancha café" nas
sementes, um derramamento do pigmento do hilo. Essas manchas são marrons ou
pretas, de acordo com a cor do hilo.
Fonte: EMBRAPA (2014)
Nematoides de galhas
(Meloidogyne incognita e Meloidogyne javanica)
Os nematoides
causadores de galhas parasitam um grande número de espécies de plantas, por
isso eles sobrevivem na maioria das plantas daninhas, o que torna difícil seu
controle. Em anos em que acontecem "veranicos", na fase de enchimento
de grãos, os danos tendem a ser maiores. Temperaturas próximas a 25°C também
parecem ideais para um bom ciclo de vida do organismo.
Em áreas
infestadas, ocorre em reboleiras, onde as folhas das plantas afetadas,
normalmente, apresentam manchas cloróticas ou necroses entre as nervuras (folha
“carijó”). Às vezes, pode não ocorrer redução no tamanho das plantas, mas, por
ocasião do florescimento, nota-se intenso abortamento de vagens e
amadurecimento prematuro. Nas raízes atacadas, observam-se galhas em número e
tamanho variados, dependendo da suscetibilidade da cultivar de soja e da
densidade populacional do nematoide.
Fonte: EMBRAPA (2014)
Nematoide de cisto (Heterodera glycines)
O nematóide de cisto da soja
(NCS) é uma das principais pragas da cultura pelos prejuízos que pode causar e
pela facilidade de disseminação. Ele pode permanecer no solo por mais de oito
anos, mesmo na ausência do hospedeiro. Em solo úmido, com temperaturas de 20 °C
a 30 °C, os juvenis eclodem e, se encontrarem a raiz de uma planta hospedeira,
penetram e o ciclo se completa em cerca de quatro semanas. O trânsito de
máquinas, equipamentos e veículos, levando partículas de solo contaminado, tem
sido o principal agente de dispersão do nematoide. Também pode ser disseminado
por enxurrada, animais e semente contendo partículas de solo.
O nematoide penetra nas
raízes da planta e dificulta a absorção de água e nutrientes, causando a
redução de porte e número de vagens, clorose e baixa produtividade. Os sintomas
aparecem em reboleiras e, em muitos casos, as plantas morrem. O sistema radicular
fica reduzido, onde é possível ver minúsculas fêmeas com formato de limão ligeiramente
alongado, de coloração branca a amarelada. Quando a fêmea morre, seu corpo se
transforma numa estrutura resistente, de coloração marrom-escura, cheia de
ovos, denominada cisto, que se desprende da raiz e permanece no solo.
Fonte: EMBRAPA (2014)
PREVENÇÃO E CONTROLE DAS PRAGAS E DOENÇAS
→ Semeadura no início da época
recomendada;
→ Utilizar preferencialmente
cultivares precoces;
→ Cumprir o vazio sanitário;
→ Adubação adequada;
→ Adubação verde;
→ Controle biológico;
→ Evitar a semeadura em
safrinha;
→ Evitar a semeadura em solos
compactados;
→ Utilização de cultivares
resistentes;
→ Rotação de culturas;
→ Utilização de fungicida
preventivamente, ou no aparecimento dos primeiros sintomas;
→ Maior espaçamento entre linhas;
CONTROLE BIOLÓGICO
Parasitóides
Existem
20 parasitóides de ovos que podem ser usados para controle na cultura da soja,
no entanto os 3 principais são: Trissolcus
basalis, Telenomus podisi (mais
abundantes) e Trichogramma pretiosum.
Trissolcus basalis
Essa espécie
ocorre naturalmente na cultura da soja, porém o uso de inseticidas inadequados pode
prejudicar a sua eficiência. Apresenta preferência por parasitar ovos do
percevejo verde (Nezara viridula), mas pode parasitar ovos do percevejo-marrom (Euschistus
heros) e do percevejo barriga-verde (Dichelops melacanthus), além
de outras espécies.
Recomenda-se que
ele seja liberado nas primeiras semeaduras, quando a soja estiver no final da
floração, época em que se inicia a oviposição dos percevejos. Assim, o efeito
do parasitoide sobre a população de percevejos é antecipado, mantendo-os abaixo
do nível de controle. As liberações devem ser da ordem de 5.000 indivíduos por ha,
de preferência nos períodos de menor insolação, em diferentes pontos da área
escolhida.
Trissolcus basalis parasitando ovos de percevejo.
Adaptado de: Simonato et al (2014)
Telenomus podisi
Esta espécie
mostra preferência por parasitar ovos do percevejo-marrom, e no decorrer da
safra, os índices de parasitismo em ovos podem variar de 30 a 70% nos meses de
outubro a dezembro, demonstrando seu grande potencial de uso no controle
biológico na soja.
Adaptado de: Simonato et al (2014)
Trichogramma
pretiosum
As espécies do
gênero Trichogramma são atualmente o
grupo de inimigos naturais mais estudados e utilizados no mundo. São
parasitoides de ovos com ampla distribuição e um grande número de hospedeiros e
com facilidade de criação em hospedeiros alternativos. Para a cultura da soja, Trichogramma pretiosum é a espécie que
apresenta maior potencial de uso.
Essas vespas
parasitam ovos de mariposas e borboletas de várias espécies-praga que causam
prejuízos à lavoura de soja, como a falsa-medideira, a lagarta-da-soja, a
lagarta da maçã e a lagarta Helicoverpa
armigera.
Adaptado de: Simonato et al (2014)
Predadores
Podisus nigrispinus
Esse predador
pode ser encontrado na soja durante todo o ciclo da cultura se alimentando de
lagartas e outros insetos menores, apresentando elevado potencial de uso no
controle de pragas.
Adaptado de: Simonato et al (2014)
Geocoris spp.
Se alimentam
de vários insetos-praga pequenos, como lagartas pequenas, mosca-branca, ácaros
e também ovos de diversas pragas. Além disso, pode sobreviver na cultura mesmo
na ausência de presas por um longo período, se alimentando apenas da umidade das
plantas. É de ocorrência comum na
cultura da soja, sendo encontrado em todas as regiões do país, devido a sua boa
adaptação em diferentes temperaturas.
Adaptado de: Simonato et al (2014)
Orius insidiosus
É conhecido
como percevejo pirata devido a cor de suas asas. Se alimenta de várias
espécies-praga, tais como tripes, ácaros, mosca-branca, cigarrinhas, ovos de
lepidópteros e lagartas pequenas de diferentes espécies. Estudos demonstram que
esta espécie vem se destacando com grande potencial de uso no controle
biológico de pragas, pois possui alta capacidade de busca e predação, bem como
habilidade de sobrevivência na falta de presas, podendo se alimentar de outras
fontes como pólen e seiva.
Adaptado de: Simonato et al (2014)
Algumas
aranhas, joaninhas, formigas, vespas, ácaros e besouros também são importantes
para o controle biológico natural, sendo as aranhas o grupo mais importante e
abundante durante todo o ciclo da soja, predando uma grande variedade de pragas.
Pouco se
conhece sobre a capacidade de predação desses insetos, pelo fato de muitas
espécies matarem e retirar partes ou líquidos da presa, enquanto outros
consomem ou levam para os ninhos a presa inteira, dificultando o estudo. No
entanto, sabe-se que eles são sensíveis
à inseticidas e acaricidas, devendo-se priorizar o uso de produtos seletivos,
para que haja a preservação e o aumento das populações destas espécies no campo.
Microorganismos
entomopatogênicos
Baculovirus anticarsia
Esse
vírus controla a lagarta da soja. É formulado em pó, com tecnologia também
desenvolvida pela Embrapa Soja, em disponibilidade comercial por diversas
empresas no Brasil. O produto possui rigoroso controle de qualidade, realizado
pela mesma unidade da Embrapa. Também é possível a produção caseira do vírus,
coletando as lagartas mortas.
Lagarta morta por Baculovirus anticarsia.
Adaptado de: Simonato et al (2014)
Bacillus thuringiensis
É uma bactéria
que vive no solo, e desde a década de 40 foi introduzida no mercado mundial
para o controle de pragas agrícolas, principalmente para o controle de insetos
da ordem Lepidoptera. Ele produz proteínas que são altamente tóxicas aos insetos,
porém, inofensivas aos mamíferos e a flora em geral. São aplicados na soja via
foliar e as lagartas ao se alimentarem das folhas, ingerem a proteína
inseticida, provocando então o rompimento das paredes do intestino médio do inseto,
causando paralisação na alimentação com posterior morte do inseto.
É importante
que os inseticidas a base de Bacillus
thuringiensis sejam aplicados
quando a população de lagartas atingirem o nível de controle uma vez que o
período residual de produtos à base da bactéria é curto (7 a 10 dias), o
que demandaria aplicações adicionais para o controle de populações subsequentes
do inseto.
A recomendação
é aplicar o produto o mais tarde possível, uma vez que, a partir do final da floração,
geralmente as populações da lagarta da soja declinam a níveis insignificantes
devido à elevada ocorrência natural do fungo causador da doença branca como
agente de mortalidade dessas lagartas.
Nomuraea rileyi
Entre os
inimigos naturais mais importantes da lagarta da soja destaca-se o fungo
causador da doença branca, Nomuraea
rileyi (citado anteriormente) que é o mais difundido.
Em anos úmidos, apresenta grande
efeito no controle de diversas espécies de lepidópteros na cultura da soja,
como por exemplo, Anticarsia gemmatalis
(lagarta da soja) e Chrysodeixis
includens (falsa-medideira), reduzindo as populações das pragas alvo
rapidamente e evitando o uso de inseticidas químicos, o que reduz o custo e o
impacto ambiental na propriedade e seu entorno. A ocorrência natural elevada
deste fungo pode reduzir as populações de lagartas em mais de 90%. No entanto,
essa ocorrência pode ser afetada quando se utiliza, fungicidas e herbicidas
pouco seletivos.
Lagarta falsa-medideira morta pelo
fungo Nomuraea rileyi
Adaptado de: Simonato et al (2014)
Portanto, para
que o controle biológico seja eficiente, é essencial dar condições para os
inimigos naturais de ocorrência natural na área, aqueles que podem ser
utilizados através de liberações e também aos produtos à base de
microorganismos entomopatogênicos, para que possam ser efetivos e desempenhar
seu papel e para isso, devemos levar em consideração os defensivos que serão utilizados
em conjunto com o controle biológico, devendo ser priorizados aqueles que são
reconhecidamente seletivos aos inimigos naturais.
Referências bibliográficas:
EMBRAPA, 2003. Tecnologias de produção de soja, região
central do Brasil: Doenças e medidas de controle. Disponível em:< https://sistemasdeproducao.cnptia.embrapa.br/FontesHTML/Soja/SojaCentralBrasil2003/doenca.htm>.
Acesso em: 15.05.2017
EMBRAPA, 2014. Manual de
identificação de doenças de soja (5ª edição). Disponível em:< https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/105942/1/Doc256-OL.pdf>.
Acesso em: 15.05.2017
SIMONATO, Juliana; GRIGOLLI, J.;
DE OLIVEIRA, H. Controle biológico de
insetos-praga na soja. 2014. Disponível em:< https://ainfo.cnptia.embrapa.br/digital/bitstream/item/102097/1/cap.-8.pdf>.
Acesso em: 16.05.2017