A CULTURA DO MILHO (PARTE 9)
CONTROLE BIOLÓGICO
Joaninhas (Coccinellidae spp.)
As joaninhas apresentam-se em cores e tamanhos variáveis. As larvas parecem com um jacaré em miniatura. Tanto os adultos como os jovens (larvas) são comedores de pulgões, ovos e lagartas de várias espécies de insetos-praga. São encontradas praticamente em todos os cultivos, mantendo muitas vezes os insetos fitófagos sob controle.
Joaninhas e seus ovos. Adaptado de: Cruz, 2017
Tesourinha (Dermaptera spp.)
Entre os predadores de pragas de milho, é considerado o mais importante. Ao contrário de vários outros, as tesourinhas “vivem” no milho, alojadas no cartucho da planta ou na palha da espiga, onde depositam seus ovos, por serem locais de maior umidade na planta e servirem de refúgio. Tanto a forma jovem como os adultos alimentam-se de ovos, lagartas e pulgões, e, dependendo da densidade populacional, evitam consideravelmente o dano das pragas da cultura do milho.
Tesourinhas e seus ovos. Adaptado de: Cruz, 2017
Trichogramma spp.
As espécies do gênero Trichogramma são atualmente o grupo de inimigos naturais mais estudados e utilizados no mundo. São parasitoides de ovos com ampla distribuição e um grande número de hospedeiros e com facilidade de criação em hospedeiros alternativos. Essas vespas parasitam ovos de mariposas e borboletas de várias espécies-praga que causam prejuízos à lavoura de milho. A fêmea faz a sua oviposição dentro do ovo de seu hospedeiro. Dentro de algumas horas nasce a sua larva que se alimenta do conteúdo do ovo do hospedeiro. Todo o ciclo do parasitóide se passa no interior do ovo da praga. Desse, sai a vespa adulta que de imediato inicia o processo de busca de uma nova postura para continuar a propagação da espécie.
Várias são as espécies de Trichogramma já descritas em associação com diferentes pragas. Especificamente na cultura do milho as espécies T. pretiosum (controle de ovos de espécies de Lepidoptera como a Lagarta-do-cartucho, Lagarta-da-espiga e a Broca da cana-de-açúcar), T. atopovirilia (controle de S. frugiperda) e T. galloi (controle de Diatraea saccharalis) têm sido as mais comuns.
Adaptado de: Simonato et al (2014)
Telenomus remus
Na época do verão, o período total de desenvolvimento da colocação do ovo até a emergência do adulto é em torno de 10 dias. Após o completo desenvolvimento da fase imatura de T. remus o adulto perfura um pequeno orifício no córion do ovo do hospedeiro por onde emerge. Em geral, os machos emergem 24 horas antes das fêmeas. Após a emergência os machos permanecem sobre a massa de ovos na qual emergiram ou procuram outras massas parasitadas. Esse parasitóide apresenta alta especificidade para Spodoptera frugiperda (Lagarta-do-cartucho) e suas fêmeas parasitam mais de 250 ovos durante seu período de vida.
Telenomus remus em ovos de Spodoptera frugiperda. Fonte: Cruz, 2017
Chelonus insularis
Embora tenha preferência por parasitar a Lagarta-do-cartucho, tem também sido mencionada também como parasitóide de Spodoptera exígua (traça), Lagarta-da-espiga e a Lagarta elasmo.
Ao contrário das espécies de Trichogramma e de Telenomus, o ovo de Spodoptera frugiperda (lagarta-do-cartucho) quando parasitado, passa aparentemente pelo processo de incubação, dando origem à lagarta da praga, obviamente carregando no seu interior a espécie do parasitóide. A lagarta parasitada gradativamente diminui a ingestão do alimento, até ser morta pela larva do parasitóide. O período larval do parasitóide varia de 17 a 23 dias, justo quando a lagarta-do-cartucho abandona a planta e dirige-se para o solo, onde tece uma câmara como se preparasse para transformar-se em pupa, porém, essa câmara na realidade é utilizada pelo parasitóide que perfura o seu abdômen e sai do corpo da lagarta
Fêmea C. insularis parasitando ovos de S. frugiperda (cima) e lagartas da mesma idade, estando a menor parasitada (baixo). Fonte: Cruz, 2017
Campoletis flavicincta
A fêmea coloca seus ovos no interior de lagartas de primeiro e segundo instares de S. frugiperda e a larva completa todo o seu ciclo alimentando-se do conteúdo interno do hospedeiro. A lagarta parasitada muda seu comportamento e, ao se aproximar a época de saída da larva do parasitóide, deixa o cartucho, indo em direção às folhas mais altas, permanecendo nesse local até a morte. Mais próximo da fase de pupa, a larva do parasitóide sai do corpo da lagarta através do abdômen desta, matando-a, para construir seu casulo no ambiente externo.
Fonte: Cruz, 2017
Exasticolus fuscicornis
Seu comportamento é semelhante ao de C. flavicincta. Apresenta um grande potencial de uso em programas de controle biológico porque complementa bem o trabalho dos parasitóides de ovos. A larva parasitada por essa vespa reduz o consumo alimentar. Quando a larva do parasitóide está completamente desenvolvida, a lagarta-do-cartucho abandona a planta e dirige-se ao solo, à semelhança da lagarta parasitada por C. insularis. Nesse local desenvolve a pupa da vespa até o aparecimento do novo adulto, apto a iniciar uma nova geração.
Adulto e larva do parasitóide (esquerda) e lagartas e casulo do parasitóide (direita). Adaptado de: Cruz, 2017
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